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Foto do escritorLilia Lustosa - Embaixadora Master (México)

Ela Disse (2022)


Depois do sucesso do Conecte-se em Fortaleza, estamos de volta ao blog do Clube com dicas de filmes feitos por mulheres.


Da safra 2022, um que merece destaque é o Ela Disse, dirigido pela alemã Maria Schrader e roteirizado pela britânica Rebecca Lenkiewicz. Foto: Divulgação.

Inspirado em uma história real, a trama é baseada no livro homônimo escrito pelas jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey, interpretadas no longa por Zoe Kazan e Carey Mulligan respectivamente. Ali, acompanhamos a saga das duas jornalistas do The New York Times para desvendar os crimes de assédio sexual cometidos pelo gigante da indústria do cinema norte-americano, o produtor Harvey Weinstein.


A partir de uma denúncia de que a atriz Rose McGowan fora violentada por Weinstein quando tinha apenas 23 anos, Jodi Kantor começa uma investigação, que vai se revelando cada vez mais cabeluda. A jornalista acaba descobrindo outras tantas mulheres também assediadas pelo produtor, entre elas a atriz Ashley Judd (que interpreta a si própria no filme) e Gwyneth Paltrow, que, embora não apareça na tela, empresta sua voz e seu nome para serem usados na história. Mas a batalha é dura! E o monstro é bem maior do que Kantor imaginava. Para ajudá-la nessa empreitada, ela vai contar então com a colega de trabalho Megan Twohey, que, à época estava grávida de sua filha.


O filme tem uma pegada bem parecida à de Bombshell (2019) – ou O Escândalo, em português –, dentro do que se poderia chamar de um subgênero dramático “filmes de jornalistas”. O traço mais marcante é o desafio de contar de forma envolvente uma história de investigação jornalística que se passa quase toda dentro de uma redação de jornal, ou entrevistando pessoas, sem grandes charmes ou atrativos cinematográficos. Ao mesmo tempo, Ela Disse mostra ainda o dia-a-dia de profissionais mulheres, que são obrigadas a se dividir em mil para dar conta de suas obrigações de trabalho, de mãe, de esposa e de dona de casa.


O longa acaba por envolver e emocionar, apesar de seu formato clássico. Isso porque a diretora montou o filme de modo a inserir toques de suspense à história, deixando-nos apreensivos e angustiados em vários momentos. A atuação da dupla Kazan/Mulligan tem papel fundamental para esse resultado. Assim como o roteiro bem alinhado de Lenkiewicz, que não deixa espaço para vitimismos nem para dramas baratos. Os depoimentos das vítimas são fortes e nos atingem em cheio, sem jamais ter que recorrer ao piegas ou a imagens de violência explícita. O que vemos na tela são, então, rostos de mulheres traumatizadas, sofridas, amarguradas, que, apesar de tudo, tiveram que levantar cabeça e seguir em frente com suas vidas.


O artigo publicado no The New York Time em 5 de outubro de 2017, resultado da investigação de Kantor e Twohey, é considerado hoje o propulsor do movimento #metoo nos Estados Unidos. Algo que está ainda bem fresco em nossas mentes e que assim deve manter-se para que não aceitemos comportamentos desse tipo de nenhum chefe ou de nenhum homem ao nosso redor.


Ela Disse é um filme importante e necessário para que histórias assim não se repitam, servindo de modelo para que mais mulheres tenham coragem de denunciar seus agressores e continuem unidas nessa árdua batalha até o fim.


Disponível na Apple TV e Google Play (Brasil e Portugal), Claro Video (Brasil), Rakuten e Youtube (Portugal), Peacock (EUA).


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2 comentários


Liduina saraiva Carreiro
Liduina saraiva Carreiro
07 de abr. de 2023

Uma história bem impactante

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Lilia Lustosa de Oliveira
Lilia Lustosa de Oliveira
10 de abr. de 2023
Respondendo a

Sim. E tão recente, né?

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